RESENHA ESPELHO DA VIDA

01/03/2019

Espelho da Vida e o Reflexo do Tempo

Espelho da Vida é a atual novela das seis, na Rede Globo. Criada por Elizabeth Jhin com direção de Pedro Vasconcelos, a trama tem movimentado as redes sociais, apesar de afastar o público do sofá. A trama é extremamente instigante e bem desenvolvida, prendendo o telespectador que acompanha diariamente.

Ficha Técnica:

Ano: 2018                            Roteiro: Elizabeth Jhin                           Direção: Pedro Vasconcelos

Gênero: Novela, Romance, Drama, Espírita        Local: Minas Gerais        Emissora: Rede Globo

Sinopse: (a partir dos 10 anos)

A atriz Cris Valência (Vitória Strada) e seu namorado diretor de cinema, Alain Dutra (João Vicente de Castro) partem pra cidade natal dele, quando seu avô muito doente, pede para que ele volte. Lá, Cris reencontra um passado antigo e sombrio, da história de Júlia Castelo, moça da cidade que morreu tragicamente com um tiro no peito, disparado por seu amado, Danilo (Rafael Cardoso). Ao descobrir que vai interpretar Júlia nas telinhas do cinema, Cris começa a pesquisar sobre e de forma muito intensa descobre ser Júlia, viajando num portal para outra dimensão.

É muito complicado falar de novelas, principalmente quando você faz parte do público maior, que é o público do sofá. Você assiste, comenta entre as pessoas de casa, crítica e deixa por isso mesmo. Não tem o olhar de um crítico "de verdade". Se odiar a novela, não dá nem audiência. Mas num mundo onde as redes sociais são imediatistas e efervescentes, cheias de ibope, por que não comentar simultaneamente ao período que se passa a novela, você gostando dela ou não? 

Isso já acontece há algum tempo, mas acredito que nunca se viu uma tag tão viva e tão ácida como a de Espelho da Vida. A trama da Jhin tem movimentado todos os dias o Twitter com um número maior de comentários do que posso catalogar, sem contar as outras tags que sobem sobre outros assuntos da novela. Quer comprovar o que estou dizendo? Clica aí, #EspelhoDaVida. A surpresa daqueles que não gostam da novela: os tweets em sua maioria, são elogios a novela.

O mais legal de tudo isso é, ninguém esperava. A trama da Jhin prometia muito e pedia por essa vontade de investigação do público, mas ela teve um problema logo em seu início; ela é lenta. Esquentada sempre em banho maria, a trama era muitas vezes parada e as pessoas tinham a sensação de estar sempre assistindo ao mesmo capítulo eternamente, principalmente nas idas de Cris ao passado. A maioria das pessoas, o público do sofá, perdeu o interesse pela novela nos primeiros meses, onde a trama andava lentamente e a única coisa desenvolvida era o casal de protagonistas. Paradoxalmente, crescia cada vez mais o interesse pela novela nas mídias sociais. Contas de fãs choveram para todos os lados, Instagram com fotos para casais ou momentos da novela e claro, as benditas teorias. 

Esporadicamente, a novela ganha força e a trama pega velocidade, instigando o telespectador em ganchos e revelações surpreendentes, mas por algum motivo. acabava voltava ao esmero de sempre. Isso gerou comentários negativos sobre a trama no olhar dos críticos e refletiu na audiência da novela, que era baixa. Mesmo que sem entender toda a trama, o telespectador assistia quando a novela ganhava força. Talvez não fosse uma novela de tantos meses? Não sei.

Mas partindo do princípio, vamos falar da trama? 

A novela conta a história de Cris (Vitória Strada), uma atriz que namora um cineasta chamado Alain Dutra. A cidade natal de Alain é Rosa Branca, mas ele abandonou a cidade há tempos porque tinha rancor das coisas que aconteceram lá. Em uma boa fase de sua vida, o presente bate na porta dele; seu avô Vicente (Reginaldo Faria) estava extremamente doente e queria ver o neto antes de partir. Cris convence Alain a ir e quando chega, sentimentos a flor da pele ressurgem junto de uma sensação enorme de já ter estado ali, vivido ali.

O avô de Alain, pede que ele faça um filme na cidade, sobre a trágica história de Júlia Castelo, que morreu assassinada pelo noivo, Danilo Breton (Rafael Cardoso), com uma bala de ouro no peito. 

Cris e Alain decidem fazer o filme juntos, Cris interpretaria Júlia. Mergulhando em suas pesquisas, a mocinha descobre ter sido, realmente, Júlia Castelo em sua vida passada e começa a acreditar em coisas do além. Não mais tão cética, ela recebe uma função: investigar quem foi o verdadeiro assassino de Júlia Castelo e limpar o nome de Danilo. Para isso, era necessário que ela fizesse viagens no tempo, atravessando um portal dentro de um espelho, na antiga casa da Júlia.

Os resumos dos capítulos eram vagos, o que surpreendia o telespectador diário porque as descobertas da Cris eram também as nossas descobertas.A maior graça, no período inicial da novela, era descobrir quem as pessoas do presente eram no passado. E Jhin fez tudo isso com enorme destreza e delicadeza, mas também de modo que não confundisse o telespectador, já que a trama ficou confusa por outros meios.

Para facilitar, vamos identificar quem é quem na novela. Alguns deles:

Vitória Strada interpretava, no começo, três personagens, que eram listadas como; Cris, Júlia e Júlia do filme. Posteriormente a terceira foi descartada e em seu lugar entrou uma personagem do qual se sabe pouco, Beatriz. Vida anterior a da Júlia, que morreu da mesma forma.

João Vicente interpreta Alain e, na vida de Júlia, Gustavo Bruno. O interessante da trama é que ele e Cris são os protagonistas, mas apesar dela fazer as viagens, grande parte da trama - se não ela inteira - se amarra nele; em quem ele foi, o que fez e quem é agora.

Os pais de Cris são Ana e Américo, interpretador pela graciosa Júlia Lemmertz e pelo brilhante Felipe Camargo. No passado, são Piedade e Coronel Eugênio, ele que ganhou o selo de uma das figuras mais ruins do passado.

Alinne Moraes interpreta no presente, a vilã Isabel e no passado, a falsa Dora. Foi dito várias vezes na novela que ela não evoluiu de uma vida para a outra, diferente de todos os outros personagens.

Irene Ravache interpreta Margot, que no presente é esposa de Vicente, avô de Alain. Margot tinha um filho, Pedro, que se perdeu pelo mundo. Já foi dito que de todos, ela foi a que mais evoluiu.

Temos também Ângelo Antônio como Flávio, que no passado era Padre e se envolvia com a mãe de Júlia. Temos Vera Fischer, Patrycia Travassos, Patrick Sampaio e muitas outras figuras na novela que valem a pena, muitas vezes mais pela atuação e direção do que pela importância de seus personagens em si, já que a maioria das histórias secundárias de Espelho da Vida não trás qualquer animação do público, mas isso não é um defeito num todo, muito menos encheção de linguiça, afinal, as histórias de Jhin nunca deixam ponto sem nó, não podemos esquecer da brilhante Além do Tempo.

A premissa da história te faz querer dar uma de detetive o tempo todo e, apesar da trama lenta, muitas vezes as pessoas assistiam os episódios ansiosas e logo, começaram a surgir muitas teorias. A maior questão da novela segue uma linhagem já nostálgica criada por Gilberto Braga e Aguinaldo em Vale Tudo: "Quem matou Odete Roitman?"

Apesar de não ter a mesma repercussão da época, existem suas apostas sobre a grande questão da novela; 

Quem matou Júlia Castelo? 

Se sabe, muito bem, que não foi Danilo Breton, o culpado do crime na época, já que Cris volta para limpar o nome dele. Muitos nomes entraram na lista; Gustavo Bruno, Coronel Eugênio, Otávio (Patrick Sampaio), Dora e até mesmo a mãe e a avó entraram na roda. Todos muito bem justificados, até mesmo o de Piedade. Teria ela matado a filha enquanto tentava matar o Coronel? Teria o Coronel tentado matar Danilo e Júlia se colocou a frente?

Outras perguntas começaram a surgir e ao longo da novela, podem ou não, já ter sido respondidas. O que é uma das coisas mais brilhantes da novela. A autora e a direção usam simbologias no texto, na imagem, na fala e claro, nas atuações dos atores. Os atores aliás, tem sido elogiados por todos pela diferenciação dos personagens em duas vidas; Alain e Gustavo Bruno são opostos, Alain tem o coração mole com uma casca dura. Já Gustavo tem uma máscara doce, por trás dela se esconde um homem cheio de raiva. O pai de Cris em uma vida é um machista autoritário, na outra, um zé ninguém. E Irene Ravache está brilhante mostrando em uma vida o rancor de uma mãe contra o filho e na outra, uma mãe com a perda de um filho.

Como um bombardeio de informações, vieram grandes questões na novela:

Por que Cris veio amando Alain?

Quem é Danilo no presente?

Por que Isabel não pode entrar na casa?

 Oque aconteceu de verdade na vida de Beatriz?

Como Cris pode quebrar o ciclo para não morrer com um tiro nessa vida?

André e Guardiã irão reencarnar?

O que tem na carta de Isabel?

Felipe vai deixar de ser um espírito obsessor?

Não o suficiente, as pessoas se dividiram em fandom's e tentavam usar qualquer fala ou situação na novela para defender sua hipótese de casal. De um lado, temos o Fandom Junilo; eles shippam Júlia e Danilo e acreditam que o amor juvenil deles era verdadeiro e foi interrompido, sendo os dois almas gêmeas. Do outro, o Fandom Crislain; eles shippam Cris e Alain porque o casal está junto no presente e tem um desenvolvimento e química extremamente forte, resultado do árduo e maravilhoso trabalho de Strada e João. 

O grande mistério para o lado Junilo é quem era Danilo no presente, para as Crislain, porque Cris voltou amando tanto o Alain. Sabendo disso e vendo o reflexo de uma trama lenta e confusa, a Globo usou isso ao seu favor, criando enquetes e jogando para todos os lados qual era o casal de verdade. Isso fomentou, nas redes sociais que já brigavam pela novela, mais opiniões extremas por casal ou por quem está certo. Dois bons representantes de cada um dos lados. As Junilos, representadas pelas ideias e opiniões de Sérgio Zamenza, do Blog De Olho Nos Detalhes. As Crislains, com teorias nas threads de Fernanda H. da Rosa, do Blog Sobre Sobres. Os dois tem muitos seguidores que acompanham suas diferentes leituras sobre a novela.

Além da jogada para conquistar audiência, muitas falas da novela, na maioria das vezes, soavam dúbias, quase que ambíguas. Poderiam ser sobre os dois casais, as mesmas pessoas em vidas diferentes, defendiam diferentes casais. Bendita, amiga e empregada de Júlia, defendia com unhas e dentes que a moça ficasse com o pintor Danilo. Voltou como uma atriz que diz que Cris tem que ficar com Alain.

Mas o ponto em que quero chegar, - ignorando o triste fato da Guerra de Fandom ter chegado a um nível insuportável e tóxico, onde sequer se pode comentar sobre sua opinião e é atacada (de ambos os lados) - a novela teve seu reflexo, muito provavelmente não como a Globo esperava, mas teve. Estranhamente, a internet ama a trama mesmo com sua lentidão, enquanto o público de casa não entende, não digere e evita.

A novela largou muitas pontas soltas e mistérios ao longo do caminho e, na fase em que estamos, as coisas se encaminham para serem respondidas e os nós acharem seus pontos, como é de praxe da autora. O problema é; a trama, que engatou em Novembro e chamou o público de volta, voltou a estacionar em Fevereiro, perdendo toda a força com acontecimentos lentos do passado. Agora em Março, logo Júlia deveria morrer e a grande preocupação do público é; o que vai acontecer com Cris, no corpo de Júlia, quando a moça levar um tiro? 

As duas acabaram virando uma só, confusas e juvenis. A nossa protagonista, atriz, se deixa levar completamente pelo passado e esquece que está lá para investigar, tendo relapsos de realidades em momentos de desespero. Estar viajando se tornou quase um vício, uma obrigação. Cris não vai se contentar enquanto não levar a bala de ouro no peito, ao que tem demonstrado. Como a novela vai arrastar esse acontecimento, que é o mais grandioso, até a semana final da novela, somos obrigados ver cenas de histórias secundárias que não parecem se completar nunca e o marasmo de um passado do qual já sabemos o fim. O público? Voltou a perder a empolgação. 

No meio disso tudo, a trama espírita quase que ficcional de Elizabeth Jhin fala sobre um amor que ultrapassa as barreiras do tempo. Um amor que está no céu e na terra. Jogaram a mocinha para todos os lados, então é difícil saber nessa altura do campeonato, o que Jhin decidiu. Mais que isso, Jhin conta uma história sobre resgate e perdão, o que acaba envolvendo amor também, todo tipo de amor.

Espelho da Vida, que anteriormente se chamava Avesso da Vida, conta sobre como em uma vida podemos ser de um jeito e voltar diferente, evoluídos. Conta sobre fazer nosso resgate com o outro, sobre perdoar o outro e se perdoar, sobre esquecer os erros do passado e viver essa vida, o agora. Uma dos grandes pontos da novela é; 

"Nós voltamos nessa vida sem nos lembrar de quem éramos e o que aconteceu em nossa vida passada para que não tenhamos que sofrer por isso ou se prender a isso. Por que em Espelho da Vida, todos os protagonistas fazem o caminho inverso?"

Os mocinhos da trama são, sem discussão, Cris e Alain. Os protagonistas, são quatro; Daniel (que é a versão presente de Danilo), Isabel, Cris e Alain. Cada um deles está tendo o seu Karma da vida passada para zerar toda e qualquer pendência com a trágica vida anterior e todos, fugindo disso ou não, estão sendo obrigados a dar de cara com seu passado e o tipo de pessoa que foram. Cris faz as viagens através do espelho-portal, Isabel com pesadelos e as aparições do espírito obsessor de Felipe, Alain é intuitivo, acerta todas, sente energias, mas é cético ao extremo, todos tentam abrir seus olhos ao longo da novela, mostrando como é difícil acreditar em algo se você não abre seu coração para isso. Alain, que foi um dos personagens mais difíceis da trama, gerou empatia do público, por ser o mais humano e o mais próximo da realidade. Já Daniel faz regressões espirituais para saber quem era em sua vida passada e cada vez mais quer saber sobre quem foi Júlia.

A grande sacada de Espelho da Vida, a quase Avesso da Vida, é que tudo numa vida, agora é diferente, inverso, ao contrário. Como um reflexo de um espelho. É o que grande parte do público tem dificuldade de entender, junto de outras simbologias da trama, como a cobra, as rosas brancas, a bala de ouro e tantas outras. O avesso se configura num homem que foi um patriarca autoritário volta como um cara miserável e dependente. A mocinha que em uma vida era juvenil, idealizadora e rebelde, volta como uma mulher empoderada, resiliente e madura. A vilã que foi maltratada pelos homens, renegada pela família e sempre fomentou no coração a inveja pelos outros, volta cobiçando o homem, o dinheiro e o amor. Ainda que amor seja uma palavra forte demais, pois Isabel sente interesse.

E claro, numa trama que fala de resgate, amor e perdão, tudo isso engloba evolução. Outra premissa interessantíssima da novela, é que todos os personagens ali precisam evoluir e todos foram trabalhados ao longo da novela. Chegaram em Rosa Branca de uma forma e foram evoluindo gradativamente, sem ser algo forçado, para enfim se tornarem as pessoas que deveriam ser. E ninguém está isento, não.

Margot, que desde o começo era exemplo de boa pessoa para todos na novela, foi, na vida passada, uma mãe rancorosa e amargurada, contra o romance do filho. A certo ponto, ela renegou a existência do filho e, por isso, perdeu o filho no presente. Acabou evoluindo tudo que tinha e encontrando o amor tardiamente, com Vicente. Mas nunca superou a perda e precisa rever o filho para descansar em paz.

Américo foi, indiretamente ou diretamente, um dos culpados da morte da filha no passado. Voltou como um homem perdido, amargurado, cheio de vícios, sem vontades. Um homem que precisa de uma ajuda enorme para evoluir.

Cris voltou madura e resiliente, uma das coisas que sempre pontuei desde o começo da novela. Era uma protagonista que cativava, mas a partir do momento que começou a fazer suas viagens através do espelho, resgatou um reflexo de Júlia; o egoísmo. O grande defeito de Cris é o egoísmo. Por ser empoderada, ela confunde muitas vezes a responsabilidade pessoal com o egoísmo, chegando a ferir os outros; sumindo, não dando notícias, pensando só nela ou se colocando como vítima e ferindo com palavras duras. Nas idas e vindas, trouxe o pior lado de Júlia Castelo, a rebeldia que se transforma em um egoísmo cego. Enquanto todos os outros fazem um caminho para a evolução, Cris parece "regredir" (ainda que isso não exista segundo o espiritismo), mas se torce para que no final da novela tudo volte a ser como antes.

E temos Alain, que é o verdadeiro protagonista onde tudo se amarra e se interliga, mesmo sem a gente saber o porquê de tudo. A verdade é que Alain é cético, turrão, muitas vezes rancoroso e agressivo nas ações e palavras e Rosa Branca despertou nele tudo isso e mais um pouco. Despertou desconfiança, traições e lembranças passadas, má intuições e relevou um passado obscuro; teria sido ele o verdadeiro assassino de Júlia na vida passada? Alain se recusa acreditar em tudo isso, mas a grande viagem aos espelhos da vida também serve pra ele. Para que ele veja quem foi e quem é agora, como ele mudou e melhorou e o porquê não deve viver preso ou amargurado pelo passado e sim abrir o coração para o presente. Somos o que somos agora, pelo que vivemos agora. O resgate é dessa vida para essa vida e todo o passado foi esquecido quando viemos ao mundo para nos poupar de sofrimento. No caso de todos ali, é necessário ver para evoluir. É necessário que todos olhem seus reflexos no espelho e apontem as sujeiras, os defeitos.

(Alain se vê como Gustavo Bruno)
(Alain se vê como Gustavo Bruno)

Na reta final, existem muitas questões para serem resolvidas, dos grandes aos pequenos mistérios, muitos dos quais nem falei aqui. O tempo está corrido e grande parte do público está aflito com o desenvolvimento do final, seja ele qual for.

Tirando isso, as coisas parecem se encaixar ainda mais para que Cris, no presente se envolva num acontecimento trágico como os de suas vidas passadas. Mas tudo isso também se liga ao Alain. E está nas mãos dos protagonistas da novela mostrarem pra gente a verdadeira história dolorosa de Júlia Castelo e decidir o que fazer a partir dali, viver de um reflexo do passado, ou fazer uma imagem do futuro.

Matéria por: Ana Pacheco

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