CRÍTICA: 3% - 3 Temporada

08/06/2019

3% ganha força em sua narrativa política e ganha mais fôlego que nunca!

Ficha Técnica:

Ano: 2019         Duração: 8 Episódios (40 minutos p/ episódio)

Direção: César Charlone e Daina Giannechini

Elenco: Bianca Comparato, Rodolfo Valente, Vaneza Oliveira, Rafael Lozano e Laila Garin

Sinopse: (a partir dos 16 anos)

Num futuro distópico, jovens que completarem 20 anos participam do Processo, um processo seletivo cruel para irem para o Lado de Lá. Apenas 3% dos inscritos são aprovados e aceitos em um mundo melhor, o Maralto. Em sua terceira temporada, agora existem três poderes; Maralto, Continente e a Concha. Michele, fundadora da Concha, começa a pensar em seus princípios quando uma crise faz com que ela crie seu próprio processo seletivo.

(UMA SÉRIE ORIGINAL NETFLIX)

3% sempre ganhou destaque, positivo ou negativo, primeiro por ser uma série original Netflix, depois por ser brasileira e por conseguinte, distópica, um ramo no audiovisual que ainda não é muito explorado nacionalmente. 

Apesar de diferenciada, choveram críticas desde sua primeira temporada por uma narrativa linear pobre, elenco de pouca qualidade, produção pobre e os próprios princípios; dos vilões ou dos heróis, sejam eles quem você escolher, embaçados e caricatos.

A segunda temporada, ainda com problemas, teve melhorias na produção e no elenco, mas foi mais bagunçada ainda na narrativa, que poderia ter apostado em mais um processo, mas preferiu se voltar pra um ápice e clímax de uma enorme revolução. Michele se tornou uma mocinha emaranhada entre ser ou não ser e o radicalismo foi ganhando forma, além de perder o maior trunfo do elenco para uma redenção, o amado e odiado Ezequiel, interpretado brilhantemente por João Miguel. 

A Causa, ironicamente, perdeu causas e motivos e se tornou uma rebelião bagunçada e apesar de uma trilha sonora e fotografias bem aproveitadas, a temporada acabou com ares de esperança, mas não trazendo curiosidade para ver o que aconteceria a seguir.

Porém, algumas coisas parecem ter sido resetadas nessa terceira temporada. Os personagens voltam em seus princípios caricatos, porém mais dispostos a serem humanos e menos binários; vilão ou herói não é a pergunta a ser respondida e sim que caminho os personagens vão seguir se estão ficando cada vez mais encurralados.

Em muitos momentos, é possível comparar a Concha com a Fazenda dos Bichos, do livro A Revolução dos Bichos do George Orwell, onde a união sempre tenta prevalecer, mas as pessoas acabam tentando se sair melhor que os outros pra salvar a pele e Michele (Bianca Comparato), que seria o porco que difere dos humanos (Ezequiel e Marcela, os do Maralto), começa a se tornar cada vez mais como eles quando é obrigada a criar o próprio processo na Concha.

"Ela tá esquecendo que as pessoas são boas só na teoria, na prática é cada um por si."

E se nas outras temporadas, era legal tentar caçar motivações políticas no roteiro da série, nessa temporada isso fica cada vez mais claro, onde podemos ver fortes princípios de coletivismo, liberalismo e para alguns críticos; socialismo e comunismo fortemente presentes nos discursos dos personagens. Mascarando isso com o distopia e a miséria humana, onde só se dá bem quem faz por merecer,  se reaviva o discurso da meritocracia e se polariza não mais dois lados, mais três extremidades

Marcela (Laila Garin) no Maralto cuidando do Processo, Michele cuidando da Seleção da Concha e Joana (Vaneza Oliveira) seguidora fiel da Causa querendo acabar com qualquer tipo de Processo.

Interessante pontuar também como nosso contexto atual, com o governo pode ter sido pincelado diversas vezes; extremismo, meritocracia e opressão são discutidos mais fortemente na série, o que era um discuso superficial em outras temporadas. A narrativa, menos confusa e mais linear, também agrada o público, além da interação entre os personagens que julgamos já conhecer e os novos.

"O Processo depende de quem faz."

Em alguns momentos, a série parece andar em círculos do que foi a primeira temporada, talvez propositalmente pra mostrar que não dá pra fugir, mas é gostoso ver a evolução e revelação de uma das personagens mais queridas, como Joana, Marcos (Rafael Lozano) , que volta mais humano e até mesmo Rafael/Tiago (Rodolfo Valente) e seu irmão, Artur. Tudo isso deu fôlego pra que essa temporada seja um marco pra série, se não a melhor temporada, trazendo curiosidade para o que virá.

NOTA:  8,0/10

Crie seu site grátis! Este site foi criado com Webnode. Crie um grátis para você também! Comece agora